Eu, frágil badulaque!
Começando esse blog numa semana em que estou muito 'Baleiro'. Tão 'Baleiro' que até o nome do blog veio dele!
Tarde da noite. Deitei. Dores no corpo (malditas dores obrigatoriamente – ou não! – mensais!). Os olhos pesados de sono. Olhei a janela do quarto. Fechei os olhos. Abri os olhos. Olhei novamente a janela do quarto e resolvi segurar os olhos um pouco mais. Ignorei a dor e levantei os braços até alcançar o controle remoto da tv e do dvd. Certamente não conseguiria ver o dvd do início ao fim, mas desde anteontem que fizeram a entrega e ainda não tinha conseguido assistir uma música sequer! E queria somente sentir o clima do dvd...
Entre o pedaço de uma música, e pedaço de outra, e adianta daqui, volta dali, muitos pensamentos. Todos muito corridos, tentando se auto-organizar (é claro que eles não se 'auto-organizam'. Sou eu que tenho que fzr isso. Mas parece que quanto mais tento me organizar, mais me bagunço, então prefiro acreditar que eles – os pensamentos – vão se organizar sozinhos e conseqüentemente organizar a mim mesma, numa completa desobediência de 'quem manda em quem', só pra dar aquela variada...). Quando resolvo parar de pensar em tudo que tenho que fazer, adianto para a próxima música e... Muzak! Não consegui pular essa música! E ouvindo, os pensamentos voltaram. Dessa vez, voltaram a mim, sobre mim. Com os mesmos pensamentos das noites anteriores, e de um mês, dois meses e vários outros atrás. E lembrei do blog!
A idéia desse blog (não com esse nome, mas a idéia de um blog meu) já tem algum tempo. Um blog meu que servisse de terapia pessoal, já que eu ainda não tive coragem (e nem disposição!) de ir a um terapeuta, profissional formado, de verdade. Um lugar onde eu pudesse escrever o que não consigo falar. Sem precisar ser clara pras pessoas, mas sendo muito clara e fiel a mim somente. Que não fosse divulgado para ninguém, embora enquanto escrevo eu pareço estar mesmo falando com alguém (mas não é essa a idéia, Mariana?!). Talvez eu conte sobre ele a alguém, mas não sei quantos alguéns, e nem se agora ou daqui a muito tempo... Enfim, necessidade de falar, necessidade de mandar alguns irem para a puta que o pariu, necessidade de tirar aquelas máscaras que uso tantas vezes, necessidade de que algumas pessoas, principalmente eu mesma (mesmo porque eu escrevo e, ao menos por enquanto, somente eu leio isso!), me conheçam melhor! Não que seja muito inacreditável e maravilhoso o que eu sou. Longe disso! Mas isso (que eu ainda não sei bem o que é) que eu sou... Bem, eu quero que isso se liberte! E só isso. E enquanto me falta a coragem de falar e demonstrar em atitudes, me acomodo entre as letras desse teclado. As palavras são simples (babo no quase exagero de vocabulário de minha amiga Roberta e da maneira bonita e inteligente que escreve!), um tanto paradoxais (meu karma aquariano!) e desorganizadas. Mas sou EU e deve (na verdade, eu tenho certeza!) haver algo de bom nisso.
E foi nessa, entre pensamentos sobre mim e as mais variadas idéias para o nome do blog, que voltei ao dvd e ouvi "me entorpeço e esqueço o meu coração, frágil badulaque". Putz! Em pensamentos perguntei: "Zeca, quem você pensa que é pra sair falando assim de mim pra todo mundo?"
E desde então, desde a última noite, que o meu blog seria 'fragilbadulaquepontoalgumacoisa', afinal, se eu queria tanto me fazer entender, nada como começar pelo nome do lugar! E nada mais eu do que isso! Me deu vontade de levantar o criar o blog naquela mesma hora, ou escrever uma msg para o Zeca no site dele dizendo: “Menino danado!”, mas decidi terminar de ouvir a música, ouvir outras e me render ao sono, mas não sem antes ser pega novamente pelo Zeca falando para mim: "tenho nas mãos um coração maior que tudo. Nem tudo é meu e quem sou eu além de tudo? (...) minha alma dorme num velho porão..."
Ficou parecendo aqueles filmes que a gente vê cinco vezes e a cada vez que vê encontra algo novo que não tinha percebido nas vezes anteriores. Eu sabia a música de cor e precisei de um quarto quase escuro para enxergá-la direito. Aliás, para me enxergar em forma de música. Ih! Não se engane! Posso ainda dar uma lista de um zilhão de músicas nas quais me encaixo, mas ontem percebi o real significado do que a minha amiga Hágata me falou quando perguntei há um tempo atrás se ela curtia o Zeca e ela me disse num tom quase sem ar de tantas exclamações que ela parecia querer dizer: "O Zeca?! Mari, o Baleiro me traduz!". Nunca esqueci dela dizendo isso e sempre que a música do Zeca me atinge de alguma forma, lembro das palavras da Nega e me sinto um pouco traduzida. Ontem me senti muito! É como se eu me conhecesse um pouco mais a partir dali. Nada que vai mudar o mundo ou a minha vida, mas é exatamente isso que quero: me [re]descobrir aos poucos, em doses pequeninas de emoção como a de ontem à noite e ao mesmo tempo acrescentando mais interrogações como essas que rondam minha mente agora. Você, Mariana, um badulaque?!?? Sim, eu! Até quando frágil e badulaque serei é pergunta sem resposta agora. Como muitas outras que também não serão respondidas. Não me questionem (com quem eu estou falando afinal?!) sobre nada. Odeio dar respostas e já me bastam as perguntas que me fazem todos os dias e que sou ‘obrigada’ a responder. Se quando escrever eu parecer confusa, é porque realmente estou. Se parecer louca e sem nexo, é porque realmente me faltam, algumas vezes, os eixos em seu devido lugar. Só quero falar, sem ter que me fazer entender a cada minuto. E sem precisar poupar ninguém, nem – e principalmente! – a mim mesmo.
Isso ta parecendo um texto melancólico... Deve ser da minha personalidade essa entrega à melancolia e acaba se refletindo em tudo que faço. Na verdade, estou feliz e ansiosa com a noite. E com os sentimentos bons (sempre muito bons!) que as músicas do Zeca me trazem.
Até qualquer hora para isso aqui. Ou até hora nenhuma, porque nem sei se volto, afinal!
Ass.: Eu, um frágil badulaque.
Ah, sim, claro! A quem um dia, por acaso, ler isso aqui, o tão maravilhoso dvd é o “Baladas do Asfalto e Outros Blues Ao Vivo”, do Zeca Baleiro! Recomendadíssimo, mesmo sem ter conseguido terminar de ver tudo. AINDA! Aliás, se dê ao prazer de conhecer qualquer coisa que tenha as mãos do Baleiro. E se arrependa de não ter conhecido antes!
E agora, sim, saindo, com um suspiro levo minha prece aos céus para que essa chuva pare lá fora! A prima babona e fã quer ver o lançamento do cd do Símios debaixo de um céu bonito!
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home